sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Fim de tarde.


- Foi bonito, não foi?

Estavam sentados na praça, ao lado de sua arvore favorita. Ela o ligou dizendo que queria conversar e minutos depois os dois estavam ali, sentados lado a lado. Ele se continha a escutar e responder quando ela lhe perguntava algo. Ela apenas fitava a grama, as flores, as arvores... e falava. Falava lento e pausadamente. No telefonema não foi dito o assunto tão importante da conversa, mas ali, enquanto ela falava, ele sentia, sabia o que era. O ar denunciava o clima de fim, naquele fim de tarde.

- Sim, foi. - Respondeu e logo o silêncio ocupou o espaço vazio que as palavras deixaram. Ela sorriu, um sorriso triste, bem triste e, ao mesmo tempo, tão leve.

O sol se escondia entre as folhas das arvores enquanto o céu explodia em cores, cores que começavam a ir embora para dar lugar a um céu escuro e estrelado.

- Eu me senti feliz.
- Hum... Isso está acabado, não é?
- O sol está se pondo... - Falava enquanto fitava o céu.
- Você está partindo como ele? - Ele estava cabisbaixo, com um olhar fixo em uma pedrinha perto do seu pé. Não estava sorrindo, não estava feliz. Ele realmente gostava dela e não queria que ela se fosse, que tudo acabasse.

Ela se virou para olhá-lo e o abraçou de lado, meio desengonçado, com muito afeto.

- Promete se cuidar?
- Prometo sobreviver. - Encerrou a frase com um sorriso seco no rosto, ela continuava a fitá-lo e sentiu ali, ao terminar da fala, sua deixa.
- Só quero que guarde boas lembranças de mim, farei o mesmo com você. Se cuida menino, se cuida e fica bem, fica feliz. Tudo acabou, afinal. Mas foi eterno, foi bonito enquanto durou.

O céu estava escuro e a temperatura baixando. Faziam mais ou menos uns 15°C e começavam a surgir estrelas no céu quando ela se levantou. Ela o olhou  mais uma vez antes de ir embora e o beijou no rosto. Os olhos deles estavam úmidos e seu rosto quente.

Parecia cena de filme: luar, estrelas, frio, lágrimas francesas, mocinha indo embora. Era uma cena triste de filme onde o romance chegava ao fim.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Essa mágoa travestida de raiva.

Não sei se eu deveria ter tanta raiva de você. Às vezes acho que, apesar dos pesares - apesar das palavras ditas, dos sorrisos dados, das insinuações -, você não fez por ser mal. Não sei porque mas às vezes te vejo como uma criança birrenta que faz escândalo quando não consegue o que quer. Que grita, chuta, cruza os braços, esperneia, pra chamar atenção, pra dizer para os outros: "ei, estou aqui, me veja!".

Acho que você tê-la beijado naquela noite, ao som daquela música sem letra, das pessoas quase embriagadas - inclusive ela -, foi uma forma de me olhar e dizer: "ei, eu tou aqui, me veja!". Não sei, desde o início até o ultimo dia do nosso acabado namoro que eu te vejo assim, como uma criança, como um "menino criado por vó", como eu te chamava algumas vezes.

E eu gostava disso, desse teu jeito bobo infantil - nas vezes que era bonitinho, claro. Mas odiava teu jeito infantil nas brigas, nas birras, nas ameaças, nos quase esperneios. Você foi um estúpido, espero que saiba. Acho que no fundo, no fundo, eu não tenho raiva de você. Na verdade acho que tenho algo bem pior, pelo menos ao meu ver: uma profunda mágoa. Não sei se isso vai passar um dia, mas queria te dizer isso. Como um registro de todas as lágrimas que derramei, registro da minha decepção contigo.

Porque, apesar dos pesares, você era uma das ultimas pessoas que achei que poderia fazer algo grande assim só pra me magoar. Mas olha como é a vida não é, profundamente me enganei.

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Esse ta guardado a meses uashuahs. Mas li agora e gostei. ^^

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fala pra ele que ele é um sonho bom que mudou o tom da tua vida.

Sorriso de luz.

Eu te espero todos os dias, cada dia, com um aperto no peito. Te espero no banco da praça, no casal que passa, nos pássaros a cantar.

Te espero porque sei que sem você meu riso não brota, que a chuva entorta o que o sol fez brilhar tão bonito.

Te espero porque sei que contigo os dias são mais leves, que as palavras nunca são breves, que a vida é tão cheia de luz.

Sentada no banco dessa praça te espero passar, te espero sorrir, te espero vim. Te espero porque sei que vale a pena esperar. Te espero porque quero essa conversa nunca mais acabar.

Então o telefone toca, a palavra embola, se perde entre os dentes, escorre no suar frio. Então você vem e embrulha meu estômago, o comprime e rebuliça tudo dentro de mim. E meus pensamentos se esvaem em uma nuvem engraçada no céu.

Então você vem e seu sorriso faz o dia começar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Descreva pra mim sua latitude que eu tento te achar no mapa-múndi.

domingo, 4 de setembro de 2011

E eu resolvi ir embora.

Você diz que vê além, que consegue enxergar muito além do que muitas pessoas, mas, apesar disso, não conseguiu enxergar além dos fatos postos, além do que se foi dito e por vezes silenciado. Ou vai ver conseguiu, quem sabe. Isso é triste, sabe? Triste e ao mesmo tempo cômico, pois vira uma guerra sem sentido. Vira uma guerra onde não há guerra. Motivos são apenas fatores, fatores que compõem algo tão maior, que dizer respeito a tantas outras coisas. Não resuma tudo a uma pequinês sem tamanho.

Às vezes as pessoas tomam um rumo diferente e nem notam. Vão mudando sutilmente ao passar do tempo que só depois de muito tempo que se percebe. Pensamentos, formas de agir, jeito, gostos... Tudo vai mudando. E como sempre nós mudamos. Mas essa vez foi diferente das outras, dessa vez começamos a caminhar em estradas paralelas, afastadas, que não se cruzavam.

Eu não conseguia mais te reconhecer, reconhecer aquela pessoa que tanto conhecia em uma outra pessoa totalmente mudada. Certo e errado são termos tão relativos, tão passiveis de interpretações, que não vou ficar dizendo que alguma de nós ta certa e a outra errada. Há divergências no que é pra mim e no que é pra você, digamos assim. E chega uma hora que você tem que decidir se anda pra frente, por outros caminhos, outras ruas, ou se persiste à passos lentos no mesmo caminho em rumo a nada. Eu escolhi partir. Você pode me criticar por isso se quiser.

Mas acredito que ninguém é obrigado a nada nessa vida. Ninguém é obrigado a aturar, a compartilhar, a concordar com jeito, defeitos, bagagem,... de ninguém por simples fato de tempo, tempo de amizade, tempo de compromisso. Caminha junto quem vê que realmente quer, quem vê no outro um espelho de si, no sentido de semelhança, não de igualdade plena. Fica junto quem acha que deve ficar junto. E quando não acha, ou deixa de achar, tem mais é que partir mesmo. Você me disse uma vez para eu não me acostumar com o que me faz mal ou que não me faz mais bem. Foi um ótimo conselho, aliás. Então eu parti, não vi mais motivos pra ficar. Parti e não volto, por mais que as lembranças de vez em quando batam na porta e deixem bilhetes.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Alguém mágico.


Hoje senti algo como cheiro de chuva, algo bom, algo que me fez acreditar em magia de novo, em pessoas mágicas. Hoje eu até esqueci que estava triste. Foi como se as coisas ruins no meu mundo deixassem de existir.

É incrível como sempre que você não está muito bem aparece alguém que te faz acreditar que, afinal, as coisas são boas, simples, felizes. Um alguém de beleza ímpar. Um alguém mágico.

Não é de coelhos saindo de cartolas que tou falando, não é esse tipo de mágica. É uma mágica incrível que faz com que risos sinceros brotem aos montes não só na boca, mas nos olhos também. É uma mágica de apaziguar, de divertir, de trazer paz, da interior, da rara.

É tão, mas tão mágico que é como se o tempo nem tivesse passado. É como se meses tivessem sido dias, horas. É como se, de repente, tudo voltasse. E voltou. Os risos, os planos, as músicas, as conversas bestas, os incentivos, as histórias... Você voltou. Voltou como se nunca tivesse ido. Voltou como se nunca mais fosse embora de novo.

Voltou e me mostrou que mágica existe.