domingo, 27 de junho de 2010

Parallelepipeds.

Andava por essas ruas - sempre as mesmas ruas, sem muitas cores, sem muitos amores. Andava por andar, sem ver de certo para onde estava indo. Entre uma rua e outra era como se tivesse viajado para outros países, outros mundos; os pés andavam mecanicamente, enquanto a mente voava longe no céu. Em um fim de tarde, quando o sol - que parecia uma gema de ovo - se esvaia pelo céu, sentou-se em um banco qualquer de uma praça e o frio, cada vez mais forte, vinha de fora para dentro, de dentro para fora, numa sincronia ensurdecedora. Não sentira antes, mas era como se alguma coisa faltasse ou não se encaixasse direito. Não sabia se eram as cores, os amores, os sons ou os aromas que não mais sentia, ou se eram as formas que não mais se via, não tinha como saber. Contentou-se a continuar a andar, sem direção alguma, pelas mesmas ruas. Agora um pouco mais leve, não porque estava mais tranquilo já que essa falta inquietava seus pensamentos, mas porque agora havia um espaço vazio, como um dos paralelepípedos, que encarava pelas ruas. 

sábado, 12 de junho de 2010

O mesmo perfume de jasmin.



Acordei com um sorriso no rosto e com os olhos ainda fechados, fazia tanto tempo que não me sentia tão bem, tão leve. O quarto estava bem perfumado e não tinha como não sentir o aroma dos jasmins, que cheiro bom...  Abri os olhos e vi que você estava aqui, do meu lado, acariciando meus cabelos e olhando fixamente meu rosto. Bocejei, espreguicei, e só então encontrei seu olhar. Um olhar tão penetrante, tão hipnotizante, eu não conseguia desviar meus olhos dos seus.

O dia estava tão lindo... O céu azul, passarinhos a cantar... Há dias que só chove, chove e chove. A chuva se foi e deixou pra trás um lindo arco-íres, igual às multicores dos teus olhos nos meus. Era estranho... No mesmo momento o tempo voava e parava...  Tão infinito, tão especial... Como ver um pôr-do-sol a beira mar. Você como sempre tão bobo meu bem... Me abraçando, me amando e desejando que esse momento nunca acabasse, eu não te falei, mas era isso que eu desejava fervorosamente em meus pensamentos.

Horas e horas se passaram, e nós continuávamos ali, abraçados, olhando um para o outro. Agora só se ouvia o tic-tac do relógio e, por incrível que possa parecer, o silêncio não incomodava, já que não precisavam palavras, conversávamos pelo olhar.  Eu sabia o que você queria e eu queria o mesmo, você não sabe o quanto.

Mais alguns tic-tacs e você começou a ficar distante, distante... E eu não conseguia me mover, apenas ver você se indo até sumir. Que desespero, que aflição. Segundos depois acordo assustada com o sol no rosto e com o despertador tocando aquela velha música que me lembra tanto você.  Depois do susto percebo que "Foi apenas um sonho, o mais feliz de todos." Pensei comigo mesma enquanto me sentava e olhava distraidamente pela janela. Estranho... Mas ainda posso sentir o aroma dos jasmins.