quinta-feira, 10 de março de 2011

(Re)Encontro.



Estavam em um parque, sentados em um banco, era um daqueles dias frios de inverno mas com o encanto do outono. Fazia tempo que não se viam, ele estava retornando de uma longa viagem. As coisas não eram mais como antes por mais que a cena fosse familiar.

Eles se olhavam, cúmplices, como se soubessem de um segredo muito importante e que ninguém mais sabia. Ele a olhava nos olhos como se barganhasse por respostas, como se em algum lugar do olhar misterioso dela houvesse uma explicação para tudo aquilo que ela o fazia sentir. Ela retribuia o olhar, um olhar calmo, brando, gentil... Era como se ela tivesse dando permissão para que ele vasculhasse sua alma pelos seus olhos.

E as horas se passaram, o frio aumentou e ele deu seu casaco para que ela vestisse e se aquecesse. Eles se abraçaram e seus corações batiam no ritmo um do outro, eram como peças de quebra-cabeça que tinham se encontrado e se completado.

Muita coisa havia mudado, é verdade. O Bernardo que foi não foi o mesmo que voltou, nem a Julia. Mas a essência do sentimento mútuo não tinha mudado e eles sabiam. O silêncio não incomodava, nem as palavras, nem nada. Eles agora estavam olhando o horizonte enquanto o céu se explodia em cores, em beleza, nesse mais um pôr-do-sol e ao mesmo tempo primeiro.

Ela queria voar e ele queria ser suas asas. Alquimia magnífica de sentimentos. Ele não queria mais ir embora e ela sabia que não o deixaria partir novamente.