sábado, 31 de julho de 2010

Lamparinas.

Se quando, novamente, você olhar bem no fundo dos meus olhos, ao ponto de ver minha alma, não encontrar toda a minha paixão, todo aquele amor divino presentes em mim, não se espante. Não me perguntes o que terá acontecido para que tenha se apagado esse brilho que meus olhos tinham por você, e que como as estrelas mortas, terem virado buracos negros. Não me culpe se eles não mais refletirem o céu, nem as constelações, nem todo aquele nosso universo particular. Pois se isso acontecer não terá sido por minha culpa... Eu ascendo as lamparinas, mas é de sua responsabilidade mantê-las acesas.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Silêncio.


Houve silêncio... Daqueles ensurdecedores, que incomodam, que prendem seu grito na garganta e a deixa engasgada, daqueles onde tudo fica abafado demais, e por isso chove... Esse silêncio que sempre vêm após uma noticia ruim, depois de passar um vendaval e nele você ver tudo se ir, tudo caindo, teto sobre o chão. Você disse com palavras curtas, leves, simples. Não parecia algo importante ao seu ver, pelo menos não importante o suficiente para que eu me importasse... Foi exatamente assim: palavras, vento, vendaval, folhas voando, teto caindo, silêncio e chuva. Você não entendia o porque de tanta chuva, de tanto caos. E eu, como sempre, me deixei ficar muda, por esse silêncio, não conseguir dizer com palavras o quanto queria você, o quanto precisava de você aqui, o quanto não queria que você fosse embora... Você me olhava como quem tenta desvendar um grande mistério, e eu gritava por dentro, a cada batida do meu coração, todas aquelas coisas que nunca pensei que precisaria te dizer.

Desordem.



Quando eu acordei tudo estava diferente, a luz que adentrava em meu quarto, pela brecha da janela, estava opaca, meio esbranquiçada, e as flores que tinha deixado em um pote com água haviam sumido. Tomei um susto, mas logo me acostumei com o novo cenário. Você já não estava aqui... Acho que foi embora assim que acordei e meu sonho acabou, não me esperou nem pra da meu beijo de bom dia, não tocou nossa velha canção na antiga vitrola... Simplesmente se foi e deixou tudo assim, nessa desordem. Cartas pelo chão, flores fora do vaso, com minha vida fez um descaso e meu amor deixou pendurado no varal. 

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Reencontro.


E que o vento leve, para ti meu benzinho, todas essas coisas lindas de se ouvir, todas essas belezas não quantificáveis do mundo, tudo do bom e do melhor. Que ele te faça lembrar dos tempos mais remotos, quando passávamos nosso tempo aqui, juntos, nesse espaço de tempo interminável. Eu costumava a ser o sol, desse girassol na íris do teu olhar, que me encantava, com seu brilho de mil diamantes. Espero que todos os nossos próximos reencontros sejam como o ultimo, com abraços apertados e beijos apaixonados... Aquele nosso velho amor inventado. E amanhã talvez seja o dia, o próximo dia do nosso calendário, só espero estar certa. Espero não me perder de uma só vez nesse seu sorriso ou no fundo desses olhos teus.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Canto de sereia.



Queria que pudesse escutar cada batida do meu coração, cada suspiro e cada desejo meu silenciado. Queria que soubesse todas aquelas coisas que eu nunca tenho coragem de te dizer... Talvez por medo ou talvez por saber que isso é de total indiferença sua.  Queria que a todo tempo sobrasse um pouco do teu tempo para mim... E que tua voz cantasse suavemente a bela melodia que tenho feito todos esses dias em que tua ausência foi minha maior companhia, em que todo passa-tempo era tudo que tive pra me perder de você. E agora tudo que eu mais queria era que meu sussurro fosse como canto de sereia e que te trouxesse pra mim, pro meu aconchego, pra minha vida. Pois o ar ta meio pesado, quase irrespirável, sem você aqui.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Vermelho-Amor.

 
Ele encontrou Ela, da mesma forma que Ela o encontrou. Não foi nada combinado, certas coisas são mesmo para acontecer; bastou apenas estarem no lugar certo e na hora certa, nada mais. Mal perceberam que começavam a eclodir os fogos de artifício no céu, já era a hora, e eles nem sabiam. Certo dia, no meio de seu jardim, nasceu uma rosa, bem vermelha da cor de sangue. Ela era tão linda e perfumada que eles a nomearam de Amor. Amor era sempre regada com carinho, eles cuidavam dela como se fosse o que há de mais precioso. Bem, ela realmente era o eu tinham de mais valioso. Um dia Ele precisou viajar e a deixou cuidado de Amor.  Após alguns dias Ela percebeu que Amor começou a murchar aos poucos, não sabia o porquê. Talvez porque por vezes era aguada demais, por vezes de menos e algumas vezes na medida, mas só algumas vezes. Suas pétalas começaram a cair, dia após dia, e ela não sabia o que fazer. Amor estava morrendo e nada do que fizesse iria fazer o processo reverter. Tentou usar adubo, água de todas as fontes, pesticidas naturais... De tudo! Mas nada parecia adiantar. Ele telefonou, pois estava com saudades dela e preocupado com Amor. Ela não conseguiu dizer o que acontecia... Sabe quando algo é muito difícil de se dizer, tão difícil que a língua enrola na boca e as palavras saem todas embaralhadas, com as letras tropeçando umas com as outras? Foi o que aconteceu com Ela, ficou muda por não saber o que falar, e como sempre, falou apenas que estava tudo bem, que estava tudo certo. Ele sentiu insegurança nela, mas Ela se manteve firme no que disse. Ele acabou acreditando e desligou. Ela o manteve o mais distante que pôde, não queria magoá-lo, não queria que ele soubesse que Amor estava padecendo aos poucos e que, infelizmente, estava com os dias contados. Ela sabia que nada ia adiantar, que simplesmente aconteceu, talvez porque tinha que acontecer; da mesma forma que eles se encontraram porque tinham que se encontrar. Certas coisas simplesmente acontecem e não há culpados.  Não foi culpa dela que Amor morreu, nem dele, nem de ninguém. Agora já esta bem tarde e Ele já esta voltando para casa com um adubo novo, chamado boa esperança, para Amor que terminara de padecer.

sábado, 10 de julho de 2010

The lady in white.


Em um Baile, era onde estava... Daqueles de máscaras e fantasias, daqueles que ninguém é o que aparenta, são apenas máscaras... Ela não estava no centro do salão, como as demais moças e seus pares, dançando, bailando, aquela velha valsa que tanto ouvira. Não, ela estava no jardim, olhando tudo aquilo de fora, por aquela vidraça de mosaico, não via as formas bem definidas, mas via vultos se movimentando, pessoas dançando. Por um instante ela parou de olhar, agora ela estava sentada a beira de um pequeno chafariz, vendo a linda lua no espelho d'água. Ela e a lua, refletidas, as duas damas de branco daquela noite, de máscaras, de dança, de escuro... Elas não, elas eram clarões, a lua com as estrelas e ela com sua mascara branca e seu vestido perolado. Por um instante ela não viu mais nada, não ouviu mais nada, além do barulho dos grilos, e do seu reflexo ao lado do da lua. O baile da natureza. O vento começou a soprar, ela sentiu-se puxada e ficou de pé. Não estava assustada, como os olhares curiosos vindos de dentro do salão, do outro lado da vidraça. Ela agora dançava, ria e encantava, encontrou seu par, o vento frio da noite, o vento frio que a fez ficar em pé e que a guiou pela valsa lenta da noite. Agora não se via mais nada, apenas o pequeno espelho d'água que refletia a dama de branco, com a vida, dançar.