sábado, 13 de março de 2010

mudança de estações

- Ele não vem.
- Vem sim... Tenha mais esperança!
- Haha engraçadinha.

Estava a um bom tempo sentada em um banco qualquer da pracinha, esperando ele, como sempre. Crianças passavam de mãos dadas com seus pais e eu os admirava. Não sei ao certo quanto tempo se passara desde que eu tinha sentando naquele banquinho, só sei que muitas crianças com seus pais passaram por mim. Mas a esperança me fazia companhia e mantínhamos um dialogo incessante enquanto eu, insistentemente, esperava.

- Não vale a pena...
- Eu sei que não - eu sabia que não valia a pena passar tanto esperando, mas eu tinha que esperar.
- Eu estou quase desistindo de esperar com você.
- Não dizem que você é a ultima que morre? Então tenha mais paciência.

As luzes começaram a acender e o céu a escurecer; a brisa fresca da tarde se foi e em seu lugar ficou um vento frio que me arrepiava os pêlos do braço. Eu sabia que ele não vinha, mas eu precisava esperá-lo, pelo menos essa última vez. Minha visão já não estava tão precisa, a luz estava fraca, e por isso mal dava para ver algo; mas eu avistei algo se aproximando em minha direção e pensei instantaneamente: "será ele?".

Meu coração acelerou os batimentos e eu forçava a minha visão para tentar conseguir enxergar melhor as formas no escuro. Quando finalmente consegui ver diante a escuridão, meu coração desacelerou, quase que por total. Não era ele. Há essa altura a esperança já não estava mais ao meu lado, ela fez o que eu deveria ter feito, desistiu.

O 'estranho', que para mim não era tão estranho assim, se aproximou e nessa hora uma lágrima que já estava a um bom tempo querendo sair, escapou sobre meu rosto.

- Ele não vem não é?

O silêncio se limitou a balançar rapidamente a cabeça, em um sinal de negação. Ele olhou para trás e viu a indiferença observando toda aquela cena de longe. Em um piscar de olhos ambos já tinham ido, e eu estava, novamente, sozinha.

Depois de alguns instantes, finalmente me levantei do banco e comecei a andar em direção a rua. Estava com o corpo dormente devido ao tempo que estive lá sentada, esperando ele, que por sinal, não foi. O frio, que de inicio era leve, se fez inverno. Eu estava congelada, não só por fora, mas interiormente. Tudo congelou e meu coração pesava, mas ainda assim me sentia vazia.

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