quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Não há tempo que volte.

Essa noite está tão fria, parece pedra de tão solitária, de tão triste. As coisas não estão muito fáceis agora, essa temporada não é a de imensa felicidade. E nessas horas me pergunto a todo instante onde andará você. As cartas não mais chegaram, nem cartões postais, nem telegramas... Nada.

Lembro-me de outros tempos, lembro de suas mãos me acariciando e da sua boca deixando escapar doces sussurros em meu ouvido. Eu me lembro, você estava aqui.

Havia muito sol, muita brisa, muito amor. Não haviam problemas ou dor ou solidão. Eu não era tão confusa, louca, irritante, boba... Assim. Eu apenas sorria e sorria. Eu só tinha certezas... Mas agora restam-me as dúvidas, dívidas com a vida.

Eu fecho os olhos e é como se seus braços ainda estivessem entrelaçados em minha cintura e minha cabeça se mantivesse encostada em seu peito. É como se todas as estrelas brilhassem do mesmo jeito, se todas as constelações estivessem novamente completas.

Ascendência. Descendência. Decadência. Tudo tem ido de mal a pior.

Pra piorar você não está aqui, faz frio e eu estou só; comigo, com meus pensamentos, com o nada. O mais confuso é que não sei mais se quero que você volte, se te aceitaria de volta. Seus olhos em outrora melhoravam os meus, completavam, ampliavam minha visão. Agora estou cega para aquele outro mundo e não sei se vale a pena enxergar novamente.

Sim, sinto sua falta e todas as lembranças me doem. Queria tua companhia, teu olhar, teu amparo. Mas isso não basta, isso não me faz esquecer da sua ausência em todos esses dias. Não faz as folhas do calendário voltarem e com elas o tempo, nosso tempo perdido. 

1 comentários:

Micheline disse...

"Queria tua companhia, teu olhar, teu amparo. Mas isso não basta..." me afeta profundamente essas coisas.
adorei mil o post