sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Como ácido.

Dizem que pequenas doses de futilidade não fazem mal a ninguém, mas quer saber a real? Faz sim. É como um ácido, daqueles bem fracos, aparentemente inofensivos... Eles corroem. Corroem aos poucos, mas corroem. E quando você vai ver a coisa ta feia; lá se vai tantas coisas lindas que tinha dentro de si, coisas realmente importantes. Aos poucos vai restando nada, nada bom. E o que não pode ser destruído vai sendo drasticamente modificado.

E lá vai tudo ficando fútil. Não é tabu não, é verdade. Às vezes tudo começa com uma pequena frase: "desculpem os feios, mas beleza é fundamental". Pronto, sua dose de ácido. Você nem percebe, mas logo você começa a ser bem fútil do tipo que só quer saber de rosto bonito e corpo sarado. E o que há por dentro meu Deus? Onde fica? Bem, não fica. É deixado de lado. O essencial se torna fútil, o mundo fica de ponta cabeça.

Outra coisa que dizem é que a vida pode ser bem irônica, porém, diferente da primeira afirmação, essa é verdadeira. Todo mal tem seus benefícios: você quebra tanto a cara sendo fútil que finalmente cai na real. O problema de corações partidos muitas vezes são essas doses homeopáticas de futilidade que se tornam remédio controlado. Por isso que amor é coisa rara, em tempos que a aparência tem mais importância, o essencial é deixado para trás. E dizem que tudo isso é muito complicado, mas que nada, tudo é tão simples, Exupéry mesmo disse: "O essencial é invisível aos olhos". Acredite, é mesmo.  

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Tentando acabar com minhas próprias doses, muitas vezes nada homeopáticas, de futilidade. E como é difícil... Santo dios.

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